Motorista que atropelou 4 em calçada em Florianópolis diz que agiu em legítima defesa
O motorista que atropelou quatro pessoas que estavam numa calçada na última quinta-feira (20) em Florianópolis disse nesta segunda-feira (24) que agiu em legítima defesa. Ele e as vítimas do atropelamento prestaram depoimento na Polícia Civil nesta tarde.
O caso ocorreu por volta das 3h30 da quinta. Imagens de câmera de segurança mostram um Audi A3 se aproximando e diminuindo a velocidade. Depois o motorista acelera, atinge as pessoas e foge na contramão da Avenida Beira-Mar Norte. O veículo foi abandonado no Morro do 25.
As quatro vítimas mantiveram a versão de que foram atingidas intencionalmente. Uma delas, Jhenny Palacios, disse que o condutor do carro e outro homem mexeram com ela e uma amiga. "Ele e meu marido acabaram brigando, coisas de segundos a gente separou a briga", contou. Depois, o motorista e o colega foram embora. Na sequência, um deles voltou e atropelou o grupo.
Ouvido pela polícia, o motorista Alan Okis Sueiro, de 38 anos, contou que ele e um amigo tinham saído de um hotel na Av. Beira-Mar Norte, na madrugada de quinta-feira, quando foram agredidos e que apenas se defendeu.
"Eram quatro agressores e eu caí no chão, tomei chute, pontapé. E consegui correr para o carro, que estava estacionado a alguns metros dali". Ele disse que voltou em seguida porque "o melhor amigo" dele ainda estava sendo agredido.
"Dei a volta no quarteirão, desesperado, tentando achar ele. Como a rua é estreita, o carro ficou com duas rodas na calçada e duas rodas na rua. Eu ia descer do carro, mas os agressores estavam no mesmo lugar e gritaram: 'pega ele, pega ele'. Então qual foi minha reação? Acelerar o carro", falou.
Carro foi abandonado após atropelamento na Avenida Beira-Mar Norte — Foto: PM/Divulgação
"Saí de lá, virei a primeira à direita, a primeira à esquerda. O carro já estava todo arrebentado, fazendo um monte de barulhos. Aí chegou num beco sem saída, já arrebentando o carro. O que foi que eu fiz, eu desci do carro e fui embora. Abandonei meu carro", continuou.
O condutor disse ainda que procurou a Polícia Civil ainda na sexta-feira (21), mas por causa do ponto facultativo de Corpus Christi, não havia delegado.
O caso é investigado como tentativa de homicídio. De acordo com o delegado Rodolfo Cabral, os depoimentos serão nesta tarde na 1ª Delegacia de Polícia Civil.
Jehnny foi atropelada na calçada em Florianópolis — Foto: Jean Raupp/NSC TV
Versão da vítima
Uma das atingidas, Jehnny Palácios, 26 anos, disse que 10 minutos antes do atropelamento, o motorista passou a pé pelo local com um amigo. "Bêbados, mexendo, tentando pegar na nossa mão. Aí meu marido veio, disse que a gente era casado, que a gente estava junto e pediu pra eles se retirarem", afirmou a jovem.
Conforme as vítimas, um deles fez uma ameaça e disse que voltaria. Depois, já com o carro, passou pelo local em alta velocidade sozinho, deu a volta no quarteirão e retornou, invadindo a calçada.
As vítimas não negam que houve briga, porém rebatem a versão do motorista. "Eu fui para cima dele, mas não o soquei. Eu simplesmente o imobilizei no chão", afirmou o empresário Felipe Pratts.
O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que representa os quatro atropelados, contestou a versão do motorista: "é um devaneio, é uma versão que agride o bom senso. Quem é atacado, pega o celular, liga para o 190. Quem é atacado, vai na polícia".
Alan Sueiro disse que não procurou uma autoridade policial porque estava "em choque total. Eu tive que me sedar para acalmar a minha ansiedade. Eu estava em pânico total".
Já segundo o relato da Polícia Militar, na confusão o namorado da vítima agrediu o homem, que posteriormente jogou o carro contra eles.
Os dois casais estavam saindo de um bar, onde comemoraram o aniversário de uma amiga, e estavam na calçada esperando o manobrista trazer o carro pra ir embora.
Vidro dianteiro ficou com cabelos de vítimas — Foto: PM/Divulgação
Investigação
Segundo as investigações, o motorista não era o proprietário do veículo. De acordo com a PM, o veículo tem registro no nome de uma empresa.
Quando encontrado no Morro do 25, o carro estava sem a placa da frente, com a placa de trás dobrada e o vidro frontal quebrado. Ainda no vidro dianteiro havia fios cabelos de vítimas. O carro foi levado para a Central de Plantão Policial (CPP).
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