Por Caroline Borges, g1 SC


PF investiga morte de indígena em SC

PF investiga morte de indígena em SC

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifestou indignação pelo assassinato do líder indígena Xokleng, Ariel Paliano, 26 anos, no sábado (26). Ele foi encontrado morto às margens da estrada entre Itaiópolis, no Norte do estado, e José Boiteux, no Vale do Itajaí.

A região onde o jovem morava está em conflito pela demarcação da terra indígena, de acordo com o Cimi. Em março e abril deste ano, a área já havia sido alvo de ataque a tiros.

Conforme o Conselho, o corpo de Paliano foi encontrado na noite de sábado (26) a cerca de 300 metros da casa em que vivia com mãe e padrasto, que é o líder Xokleng da Aldeia Kakupli.

Conforme a Articulação dos povos indígenas do Brasil (Apib), a vítima estava sozinha no local já que os outros moradores da casa estavam em Brasília, participando de atos pelos povos indígenas.

"A trágica morte de Ariel destaca a urgência de abordar as questões de demarcação, segurança e direitos das comunidades indígenas, não só em Santa Catarina, mas em todo o país. Este evento é mais um lembrete sombrio das ameaças persistentes enfrentadas pelos povos indígena", informou a entidade.

Vice-cacique da comunidade, o jovem tinha ferimentos na cabeça e o corpo parcialmente queimado.

De acordo com relatos da comunidade, Paliano teria sido vítima de uma emboscada, quando saiu de casa para comprar alimentos numa mercearia. O barraco onde a vítima morava com a família foi incendiado.

"A aprovação e promulgação da Lei 14701/2023, que torna vigente o marco temporal, e a decisão tomada pelo ministro Gilmar Mendes no dia 22 de abril, que manteve a vigência da Lei 14701/2023, foram entendidas como uma vitória dos setores que se contrapõem à demarcação da TI Ibirama La Klãnô, repercutindo no endurecimento do ambiente de tensão que se vive na região", disse, em nota, o Cimi.

A Polícia Federal e a Funai foram acionadas e se dirigiam ao local no sábado. A PF informou que vai investigar se o caso tem relação com conflito indígena. Até domingo (28), ninguém havia sido detido.

Hariel Palhano foi encontrado morto — Foto: Redes Sociais/Divulgação

O que disse o Cimi

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifesta profunda indignação e tristeza pelo cruel assassinato de Hariel Paliano, de 26 anos, ocorrido na aldeia Kakupli, interior da Terra Indígena (TI) Ibirama La Klãnô, do povo Xokleng, em Santa Catarina. Além dos Xokleng, vivem também no território indígenas dos povos Guarani e Kaingang, ao qual pertencia Hariel.

A notícia do assassinato de Hariel apanhou de surpresa e levou muita dor à delegação Xokleng, Kaingang e Guarani que ainda está na estrada, regressando de Brasília, onde os indígenas participaram, durante a semana, do Acampamento Terra Livre (ATL). Enquanto os povos indígenas estão na capital federal mobilizados de forma democrática e legítima em defesa de seus direitos, recebendo da parte do Estado morosidade e palavras traiçoeiras, nos territórios tradicionais a violência é rápida, ideológica e letal.

Hariel foi encontrado sem vida, com marcas de espancamento e com o corpo queimado, às margens da rodovia que liga os municípios catarinenses de Doutor Pedrinho e Itaiópolis, a cerca de 300 metros da casa em que vivia com sua mãe e padrasto, o líder Xokleng da Aldeia Kakupli.

Trata-se de uma região de conflito pela demarcação da terra indígena. Nos últimos meses, a aprovação e promulgação da Lei 14701/2023, que torna vigente o marco temporal, e a decisão tomada pelo ministro Gilmar Mendes no dia 22 de abril, que manteve a vigência da Lei 14701/2023, foram entendidas como uma vitória dos setores que se contrapõem à demarcação da TI Ibirama La Klãnô, repercutindo no endurecimento do ambiente de tensão que se vive na região.

Por isso, o Cimi continua alertando às autoridades sobre as consequências desastrosas advindas da aprovação e vigência da Lei 14701/2023 e a necessidade de criar um ambiente de paz e tranquilidade na região.

O Cimi se solidariza com os familiares de Hariel Paliano e aos membros dos povos Xokleng, Kaingang e Guarani.

E, nesse momento de profunda dor e de inseguranças administrativas e jurídicas, o Cimi repudia de forma veemente esse crime hediondo e exige a sua imediata apuração, identificando e punindo os responsáveis.

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