Haitiano denuncia xenofobia em empresa de Joinville
A Polícia Civil de Joinville, no Norte catarinense, abriu um inquérito nesta quarta-feira (20) para investigar uma denúncia de xenofobia contra um imigrante haitiano. Makendro Loute, 30 anos, disse que foi vítima de preconceito na indústria em que trabalha, no dia 6 de outubro. Ele fez um boletim de ocorrência (assista ao vídeo acima).
Segundo Rodrigo Bueno Gusso, delegado responsável pelo caso, o homem e envolvidos no episódio devem ser ouvidos nos próximos dias. No boletim policial, o crime descrito foi o de injúria qualificada pelo preconceito. A empresa afirmou que apura o caso (leia mais abaixo).
O morador trabalha no turno da noite e saía do local por volta das 5h, quando o fato ocorreu. Por causa do frio, ele disse que vestia a touca da jaqueta e, por norma da empresa, a vigilante que estava na portaria pediu para que ele retirasse a peça, mas ele afirmou não ter ouvido. Em seguida, um colega também haitiano que estava com ele, reforçou o pedido da mulher.
"Quando eu tirei, ela disse 'esses haitianos aí', e mais algumas palavras que não consegui entender", disse.
Makendro Loute, 30 anos, disse que foi vítima de preconceito na indústria em que trabalha — Foto: NSC TV/Reprodução
No dia seguinte, o operador de produção disse que buscou a coordenação da empresa para falar sobre o caso, próximo ao horário de deixar a empresa. Na descida das escadas do escritório, colegas o disseram que ouviram outra situação de preconceito:
"O outro segurança falou para outro que estava do lado, 'não é a primeira vez que essa raça de haitiano dá problema'', explicou.
O crime de xenofobia está previsto no código penal brasileiro, descrito no art. 20 da Lei nº 7716/1989, que define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Makendro mora há quatro anos junto de sua esposa. Recentemente, o casal teve um bebê e o haitiano é, atualmente, o único responsável pela renda da casa.
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O que diz a empresa
Por meio de nota, a empresa disse que apura as denúncias de racismo e xenofobia envolvendo o colaborador da fábrica. Além disso, informou que promove o combate de todas as formas de discriminação e afirmou que relatos e imagens de câmeras de segurança foram recolhidos para que medidas sejam tomadas.
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